Até que poderia ser considerado lógico ver todos os árabes, quer
israelenses, quer dos territórios, que vêem há mais de meio século se
manifestando contra o apaziguamento da região, vivendo pacifica e
tranquilamente na margem oposta do rio Jordão, sob o contrôle da
monarquia Hashemita. Ou então, em uma enorme e moderna ilha
artificial em frente ao litoral libanês, financiada  pelos riquíssimos xeiques
detentores dos petrodólares. Não se trata de ser ou não racista, o fato é
que os palestinos têm pleno direito de um lugar ao sol e devem ser
tratados com plena dignidade que cabe a todos os seres humanos neste
mundo conturbado. Porém, é chegado o momento deles tomarem uma
posição corajosa contra o terrorismo, começar a agir como pessoas
realistas e não como cordeiros subjugados que não tomam iniciativa
alguma por um futuro melhor.
As amargas contraposições que existem entre as partes retrocedem à
resolução da ONU criando o  Estado de Israel em 1947 e as
relativamente recentes "intifadas", que colocaram Israel numa posição
insustentável ante as constantes provocações palestinas que já
praticaram mais de uma vez a captura e linchamento de soldados;
invadiram casas assassinando friamente familias inteiras - incluindo
número elevado de crianças -continuam até hoje bombardeando com
misseis várias localidades em territorio israelense, assassinam
motoristas e familias inteiras nas estradas, explodem bombas em postos
de contrôle, no interior de ônibus, nas ruelas de Jerusalém, em centros
comerciais, enfim em todo os locais vulneráveis possiveis.

Os americanos, os russos e os europeus já assinalaram definitiamente a
sua presênça neste conflito e jamais iriam permitir que fôsse feito
qualquer "transfer" de árabes, como os aventados acima. Na verdade, o
transfer sempre foi um sonho cultivado por algumas figuras
proeminentes extremistas, como o rabino Meyer Kahana e o Ministro
Rahamim Zeevi, ambos assassinados, e outros; mas convenhamos:
Israel não tem nem a insensibilidade como povo, nem os recursos ou o
porte como nação para executar um projeto desatinado desta natureza.
Por outro lado, não se deve alimentar nenhuma ilusão em relação à paz
com os palestinos e árabes em geral, pois a intransigência por parte
destes pode ainda perdurar por muitos e muitos decênios. Basta
constatar a posição irredutivel das organizações extremistas frente aos
organismos politicos constituidos, liderados por Abu Mazen. O novo
dirigente do Fatah, que tem reputação de politico sério, ultimamente vem
se encontrando com varios lideres mundiais, como a Secretária de
Estado dos USA, Condoleezza Rice, numa tentativa de apaziguar as
confrontações politicas, quer internas, quer com Israel.
A realidade, porém, todos sabemos, é bem diferente. O sucessor de
Arafat é uma figura pálida, destituido de mão firme, permitindo que a
situação de seu povo continue estagnada, dando inclusive liberdade de
ação ilimitada aos terroristas, após manifestar-se contrário a
combatê-los. Exigir que Israel aceite esta situação é inconcebivel. De
que então teria valido o incrivel sacrificio de milhares (e por que não
dizer milhões, honrando aquelas indefesas vitimas dos nazistas) que
consolidaram a criação do Estado Judaico?
Ironicamente, parece haver uma teoria que caracteriza em muitos
aspectos a sobrevivência dos judeus e a existência de Israel: Ao longo
de toda a sua história, desde os Filisteus, Fariseus e o Antigo Egito,
avançando pela Idade Media e a Idade Moderna, os judeus foram sempre
perseguidos, maltratados, executados e enxotados, conseguindo no
final se sobrepôr aos inimigos. O levante do Gueto de Varsovia é um dos
exemplos mais comoventes da história recente e a vitória na guerra
combinada do mundo árabe contra o recém-criado Estado de Israel uma
das façanhas mais espetaculares da determinação e tenacidade dos
pioneiros sionistas. Agora a situação se repete; não fossem o mundo
árabe, os palestinos e os terroristas, Israel provavelmente não teria tido
a constante determinação férrea de sobrevivência, atingir alto nivel
tecnologico e desenvolver um enorme poderio bélico - e nem
necessitaria dêste.
À luz dos ultimos acontecimentos no "Gush Katif" e nos varios
entroncamentos de estradas em Israel, é importante ressaltar que
expressiva camada da população considera a evacuação dos colonos
judeus de Gaza como uma manobra de interesse politico do atual
governo e a sua subjugação à continua pressão dos USA.  
Há poucos dias atrás, milhares de manifestantes iniciaram uma marcha
ao "Gush Katif", sendo reprimidos por cêrca de vinte mil policiais e
militares, incidente que desta vez não envolveu confrontações violentas.
Porém, a mensagem deixada pelos oposicionistas foi clara: a retirada de
Gaza será feita sob muito maior resistência do que se supõem. Nesta
época conturbada da vida israelense, deve-se tomar em conta que
ambos os lados irão fatalmente se defrontar, a exemplo da evacuação da
cidade de Yamit em 1981, na fronteira Egipcia.  Os lideres dos
manifestantes fizeram saber que por ora uma investida mais violenta aos
assentamentos de Gaza ficou postergada e desde já consideram
vitoriosa a sua posição, pelo fato do parlamento israelense não ter
adotado novas decisões acêrca de futuras retiradas das áreas de
Yehuda e Shomron ao longo da fronteira Jordaniana.

Enquanto isso, se valem da situação os terroristas palestinos,
bombardeando o territorio israelense adjacente à Gaza e outras
localidades ao alcance de seus projeteis "kassam" e lançadores de
granadas. Ontem, um casal foi assassinado quando viajava de carro na
estrada que conduz à passagem "Guefen"  no pôsto de contrôle
"Kissufim" e na semana passada uma jovem de 22 anos foi fatalmente
vitimada por um projetil que atingiu a varanda de sua casa. Quem estará
sendo mais inflexivel, os Palestinos ou os Israelenses? A imprensa
internacional lambe os dedos de satisfação ao publicar uma foto isolada
de um manifestante kahanista arremessando uma pedra contra um
indefeso jovem árabe caido no solo, o mesmo jovem que minutos antes
havia apredejado os soldados que apaziguavam os ânimos; isso, com a
flagrante diferença de que a ação agressiva do palestino, como sempre,
não será jamais divulgada, incluindo o jornalista israelense que o
protegia de novas agressões.

Vamos dizer um BASTA! ao comportamento irresponsavel e omisso dos
lideres palestinos que protegem organizações terroristas como o Hamas,
Hezbolah e outras tantas. Todos os recentes atos de agressão mútua ou
ondas de protesto tem de ser enquadradas nas devidas proporções. Os
leitores mais atentos e objetivos não devem se deixar ludibriar pela
intelectualidade "de vanguarda" ou pela imprensa cínica e venal que
automaticamente toma o lado do mais "fraco", nem deixar-se influenciar
por atos intoleráveis de violência como os dos Kahanistas. Enfim,
chegou o momento de reconhecer como legitima reação de defesa as
enérgicas operações do exército israelense contra o terrorismo e levar
em conta um dos ensinamentos fundamentais dos preceitos judaicos,
qual seja o respeito e valorização da vida e diginidade do semelhante.
AS FRACASSADAS TENTATIVAS DE PAZ ENTRE ISRAEL E PALESTINOS
por salo yakir - setembro 2006 ©